sexta-feira, 11 de dezembro de 2020

Série: TV Ceará, Canal 2 – Capítulo IV - Minhas lembranças pessoais

 


                          Série: TV Ceará, Canal 2 – Capítulo IV

Minhas lembranças pessoais

Por João Ribeiro da Silva Neto (Beiró)

Os amigos da parte técnica

Continuando a falar sobre a TV Ceará Canal 2, neste capítulo os meus agradecimentos a toda a equipe técnica da televisão, que sempre nos acolheu de forma excelente, com muito carinho pelo Conjunto Big Brasa e auxílio em algumas emergências de equipamentos nossos, que passavam às vezes parte da semana na própria TV Ceará, em virtude dos programas diários como o Studio 2. Entre eles o Bernardo, o Spicy e o próprio Cabral, engenheiro da televisão. O ambiente entre todos nós que participávamos da televisão, verdadeiramente, era muito agradável, agitado, animado e alegre e que nos trouxe muitas amizades, por coincidências cinco adjetivos começados com a letra “a”.

Ainda na área técnica enfatizo o meu agradecimento mais uma vez a todos os técnicos, na pessoa do engenheiro Cabral, o chefe da engenharia da televisão, com seus auxiliares como o Bernardo, Tantico e “Spicy”, pelas inúmeras vezes que nos auxiliaram em reparos em amplificadores e cabos (às vezes uma simples solda), quando os defeitos ocorriam nas emergências. Eu mesmo levava o que tinha para ser consertado para a sala de oficina técnica que ficava no segundo andar do prédio (ver planta baixa).

Os diretores de imagem (suítes)

Entre relatos de minhas lembranças, menciono carinhosamente e com muita saudade pessoas com quais tinha contatos frequentes, ligadas à parte técnica. E dentre elas estão o suíte Aderson Maia (Dedeco), uma pessoa espetacular, bondosa e que gostava muito de nossa atuação como guitarrista do Big Brasa, brincando comigo sempre que nos encontrávamos nos corredores da televisão. O Dedeco, como muitos o chamavam, quando cruzava comigo nos bastidores sorria muito e gesticulava como se estivesse fazendo os solos em uma guitarra, que ele gostava muito. Na linguagem de TV, ele “cortava” o programa Show do Mercantil, ou seja, operava como suíte (Diretor de imagens). Também lembro a figura do Gonzalez (também suíte, mas de outro programa que trabalhávamos, o Studio 2. O Sebastião Belmino foi uma das pessoas que se destacou na TV Ceará, por ter passado por vários estágios em diferentes funções, como Assistente de Estúdio, Câmera até chegar à condição de Diretor de Imagens. Em conversa com o Belmino sobre a planta baixa que desenhei, para relembrarmos a TV Ceará, Canal 2, ele me reportou que  teve bons, como Daniel Menezes e o próprio Aderson Maia. Belmino se destacaria também, mas à frente, como diretor de imagens na TVE e como apresentador e comentarista esportivo na televisão e no rádio cearense, com muito sucesso.

Observando o desenho da planta baixa que fiz, do prédio da TV Ceará, o amigo Belmino me tirou uma curiosidade.  Eu nunca estive na sala técnica de Direção de Imagens, mesmo porque sempre estava do outro lado, tocando... E eu só enxergava essa sala quando estava no Estúdio grande, que dava para avistar um vidro ao alto (no segundo andar), onde ficavam os equipamentos. Mas explicou o Belmino que da mesa de corte (suíte), à esquerda tinha um vidro grande onde de via o estúdio grande (A), onde o Conjunto Big Brasa fazia o programa Studio 2 e eram feitos também alguns comerciais. Mais antigamente as telenovelas ao vivo. Pois bem, neste estúdio ficavam duas câmeras com torre de lentes. Câmeras um e dois. Em frente à técnica tinha a cabine de locução, também isolada por um vidro. Vizinho tinha o estúdio (B) onde eram feitos os comerciais ao vivo também com vidro. Uma câmera que tinha zoom, a câmeras três. Depois os comerciais passaram para o estúdio (A). A câmera três foi também pra lá. Auditório era tudo como estúdio (C). O auditório não tinha visão do suíte, o que em meu entendimento poderia dificultar um pouco. Os suítes só tinham a visão das imagens através dos previews das câmeras.

Futuramente, quando passei a trabalhar na TVE – Televisão Educativa do Ceará, fiz muitos programas tendo o Belmino como suíte e eu como Sonoplasta, assim como o nosso Daniel Menezes, que além de tudo era também radioamador, como eu. 

Perdoem-me por não conseguir lembrar o nome completo de todos os muitos amigos que fizemos naquela emissora, de praticamente todos os setores.

Os operadores de câmeras

Recordo muito os câmeras-men Fred e William (chamado de “irmão” por todos) e o Zé Lenir. Este trio de câmeras fazia quase sempre o programa Studio 2, no qual o Big Brasa se apresentava diariamente. O Irmão e o Fred faziam sempre os programas Show do Mercantil. Outro dos câmeras-men chamava-se Peixoto. Lembro que esteve presente até durante a recepção de meu casamento, em 1973, na Igreja de Fátima, realizada depois em nossa casa, com uma boa turma da TV Ceará. 

Do “Irmão” tenho lembranças espetaculares das muitas vezes que ele estava me mostrando, no Estúdio A da TV, durante o programa “Studio 2” (foto acima), quando ficava, sempre sorrindo, me “perseguindo” com a câmera, mostrando os solos de minha guitarra,  com a câmera praticamente colada à guitarra, mas, também, com o objetivo de destacar minha aliança de forma bem acentuada, para que nossas fãs do interior do Estado a vissem. Ele sorria muito e eu ficava, com a câmera dele muito aproximada, tentando afastá-lo e empurrando o tripé da câmera com os pés. Todos os momentos de intensas e agradáveis lembranças para mim. Este programa Studio 2 era diário.

Operação de áudio

Nos programas Show do Mercantil era realizada pelo conhecido Mauro Coutinho, que atuou nas diferentes emissoras de rádio e estúdios no Ceará. A cabine de áudio ficava ao lado do palco, no auditório do Canal 2. E víamos o Mauro e os equipamentos em sua cabine durante o programa.

Vocês sabem o que são sinais de tempo, no rádio?

São aqueles sons que você ouve e que antecedem a marcação do tempo pelos locutores nas partidas de futebol. Funcionam assim até hoje. O operador de áudio interrompe a locução ou solta por cima o sinal de tempo para que o locutor possa informar: são “tantos minutos do primeiro tempo e o placar está...”. E assim estes sinais de tempo eram repetidos até que os ouvintes ficassem com reflexo condicionado ao som... O Mauro Coutinho, entusiasmado, me pediu algumas vezes para que eu gravasse com a guitarra e distorção vários pequenos “riffs”, para que ele escolhesse sinais de tempo. E gravamos vários, somente com guitarra e distorção. Ele escolheu um deles, que passou anos no ar na Ceará Rádio Clube. E toda vez que eu o ouvia ficava feliz. Até hoje estou em pleno anonimato quanto a isso, mas o prazer era grande de ter o seu solo no ar em todas as transmissões esportivas de futebol.

O gosto por fotografia e filmagens

Durante os programas Studio 2, como nós ficávamos de sobreaviso para entrar a qualquer momento para nossas apresentações (três ou quatro músicas, a depender do dia), eu gostava de ficar com alguma câmera e mostrava imagens, sempre com o consentimento de algum deles, quase sempre o Zé Lenir. Pedia para que os operadores me deixassem trabalhar um pouquinho com elas durante os programas. Isso acontecia mais com a câmera 3, que me parece era a que mais folgava. Em uma das vezes um fotógrafo da Televisão, que não lembro o nome, me fotografou com a câmera. Tudo normal. Anos depois encontrei esta foto na internet e fiquei até feliz por recuperar aquela lembrança. Esta imagem minha com a câmera está entre os artigos do site Fortaleza Nobre, entre as matérias sobre a TV Ceara.

O ambiente na TV Ceará, Canal 2

Bom relembrar para vocês que o ambiente na TV Ceará, pelo que ficou em minha memória, sempre foi muito bom. Passávamos nos corredores, entrávamos no estúdio principal, onde era produzido o Studio 2, as entrevistas e o Big Brasa se apresentava sempre diariamente. 

Vale repetir o conceito externado no princípio, de que o ambiente entre todos nós que participávamos da televisão, verdadeiramente, era muito agradável, agitado, animado e alegre e que nos trouxe muitas amizades, por coincidências cinco adjetivos começados com a letra “a”.

O programa do Colombo Sá

Depois, trafegando às quartas-feiras, antes ou depois da seleção de calouros, eu entrava um pouco no estúdio da Ceará Rádio Clube (acenava pelo visor para o Colombo Sá, apresentador do programa “Clube dos Tetéus”, pedindo para entrar no estúdio e ele acenava, consentindo). Meu interesse pelas operações técnicas de televisão e rádio, como tudo de eletrônico, sempre falava mais alto. A operação de áudio, que eu sempre gostei, ficava ao lado da cabine onde o Colombo Sá apresentava o programa (todo o estúdio, logicamente, possuía isolamento acústico. Ficava observando e aprendendo um pouco, atentamente aos detalhes gerais, da mesa de som etc. Nem imaginava que anos depois utilizaria aquele aprendizado como sonoplasta na TV Educativa do Ceará, onde trabalhei por cinco anos.

Ivan Prudêncio

Da mesma forma ocorria com o Ivan Prudêncio, discotecário da Ceará Rádio Clube. Sempre muito cuidadoso com o seu material, foi muito gentil conosco e emprestava eventualmente disco com sucessos para que nós do Big Brasa gravássemos as músicas para ensaiá-las e acrescentá-las ao repertório de nosso Conjunto. E depois da utilização, com muito cuidado, eu sempre os devolvia prontamente. Conforme o Sebastião Belmino, o Ivan Prudêncio era o melhor sonoplasta da época das produções de telenovelas, na TV Ceará.

O restaurante “Jerbô”

Quase todos nós da televisão, do programa, músicos, artistas e outros participantes frequentávamos o Jerbô Lanches, que ficava na Avenida Antônio Sales, quase esquina com a TV Ceará.

Sempre antes dos programas diários ou depois deles, ou mesmo aos finais do Show do Mercantil aos sábados, depois do ensaio-geral das sextas-feiras eu e nosso pessoal do Big Brasa nós íamos até o Jerbô. Fiz uma vez uma prova de honestidade com o gentil proprietário, Sr. Jerbô, para ter crédito com eles caso um dia fosse necessário. Disse propositalmente para ele, o proprietário, Sr. Jerbô, que desejava fazer um lanche, mas tinha esquecido a carteira, explicando que era do Conjunto Big Brasa que tocava ali na TV Ceará. E ele olhou para mim e disse, calmamente: “Claro que sim, rapaz, faça seu lanche à vontade”. E assim o fiz. Lanchei e no dia seguinte o procurei para fazer o pagamento e agradecer a gentileza dele.

Fotografias do acervo do Conjunto Big Brasa

Ao final desta série selecionarei muitas imagens do acervo do Conjunto Big Brasa as quais serão postadas em um álbum, que será compartilhado com todos vocês.  

Na sequência o Capítulo V com mais fatos e memórias interessantes sobre a TV Ceará, contendo os seguintes tópicos:

- O início da participação do Conjunto Big Brasa na TV Ceará

- Muitos contatos e um trabalho musical interessante

 

(*) Nota: créditos autorais pertencentes a João Ribeiro da Silva Neto, o (Beiró), Músico instrumentista, de formação acadêmica, Sonoplasta e Produtor Musical, dirigente do Conjunto Musical Big Brasa, de Fortaleza, Ceará. O autor, como escritor, produziu também três livros sobre a Música no Ceará no período da Jovem Guarda, nos quais discorre sobre a Música em sua vida e sobre a participação do Conjunto Musical Big Brasa no cenário musical cearense. 

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