domingo, 21 de julho de 2019

100 anos de meu avô Alberto Ribeiro da Silva – In Memoriam

(Mensagem de minha filha Cristiane para o avô, que completaria seu centenário no dia 25 de julho de 2019). Fotografia em Ubajara, de meu pai Alberto e minha mãe Zisile. Ambos nos deixaram fisicamente, mas sempre permanecerão permanecem em nossas mentes.  


Alberto Ribeiro e Zisile - In memoriam
“Vovô Alberto foi um homem incrível, difícil surgir alguém com tamanha simplicidade, inteligência, bondade e humor. Contava uma piada como ninguém e repetia o final pra gente rir tudo de novo! Caridoso em diversos sentidos, exemplo de pai e avô. Marido fiel e amoroso da nossa querida Vovó Zisile, um anjo doce que também já está em um maravilhoso lugarzinho no céu! Brinco muito vezes dizendo que foram online pro bom lugar!

Estar na presença dele era envolvente, sempre com suas histórias, piadas, fazendo palavras cruzadas com sua lupa de lado, que eu adorava brincar, admirador dos pássaros, ficava com seu binóculo na varanda, só observando o comedouro dos bichinhos no jardim que ele mandou fazer. Muitos de seus hobbies acabamos adotando em nossas vidas.

Gostava de mudanças, das mais simples às mais complicadas, mudava os móveis de lugar, inventava prateleiras, elevadores para objetos em roldanas.

Mudou-se de cidade por inúmeras vezes, algumas por necessidade e outras por sua própria vontade, mas sempre desapegado dos bens materiais, dava o que podia para os que conviviam com ele e quando chegava à nova cidade, parece que Deus fazia o seu dinheiro se multiplicar, pois conseguia montar uma nova casa acolhedora, mas sempre com muita simplicidade.

Estudioso em diversas áreas do conhecimento, foi um grande incentivador para a minha formatura em Direito.

Espirituoso em seu jeito de ser, conseguia com seu poder da mente se desligar dos problemas ao ter uma boa noite de sono e no outro dia, na maioria das vezes, acordava com a solução para os entraves do dia-a-dia.

Sempre com seu radinho de lado, pra escutar notícias e futebol e na serra com seu toca discos, fazia a trilha sonora de nossas férias e feriados.

Vovô, ainda comemos muita peta por aqui e “ainda tem mais”!  Kkkkk

Feliz aniversário de 100 anos! A festa vai ser boa por aí, com o filezinho da vovó Zisile e o bolo da Vovó Teresinha! Te amamos e sua lembrança está gravada em nossos corações!" 

Cristiane Lima e Silva Torres.

sábado, 20 de julho de 2019

O Centenário de meu pai, Alberto Ribeiro da Silva - In memoriam

A nossa homenagem e gratidão eterna!


Esta é uma homenagem prestada ao meu pai, Alberto Ribeiro da Silva, que no dia 25 de julho de 2019 completaria cem anos de vida. Ele nos deixou fisicamente há dezoito anos, no dia 5 de abril de 2001. Mas a sua presença é constante e firme e ignora as relações de tempo para mim e para muitas pessoas que o admitam. Seus exemplos ficaram e suas marcas positivas de costumes também. Seus conceitos, sempre verdadeiros, foram bem disseminados entre nós, os filhos, suas noras, os netos e netas, parentes, amigos e amigas. Suas lembranças continuam na memória de todos aqueles que fazem parte da grande família Conjunto Big Brasa, que ele tanto prestigiou e nos encaminhou enquanto éramos menores de idade.

Presença firme, na certeza de que tudo deve estar justo e perfeito

Já se passaram dezoito anos que o papai nos deixou. Lembro dele quase todos os dias, muitas vezes em situações que passávamos juntos, tendo em vista que nosso diálogo era muito aberto e franco. O Papai era meu AMIGO. E ele tem estado presente o tempo inteiro em minha mente e na lembrança de todos de nossa família. A Aliete, minha mulher, o teve como seu pai e posteriormente dedicou muito amor à mamãe, Zisile, até sua partida. Assim todos nós - Aliete, Alberto Neto e Cristiane - lembramos tudo o que ele fazia e as lições espetaculares de vida que nos deixou. Estou feliz por ter publicado os escritos dele na internet. Certamente estaria muito satisfeito, pois era avançado e gostava de todas as inovações tecnológicas, chegando ao ponto de prever muita coisa do que ocorre hoje em dia. Na foto ao lado meus pais, que não mais estão fisicamente conosco. 

Ficou conhecido posteriormente como o Mestre Alberto, um orientador espiritual, amante de rock, em especial das canções dos Beatles e dos Rolling Stones, as quais o acompanharam sempre. Gostava muito de acompanhar as tecnologias e constantemente fornecia ideias para inovações no grupo musical Big Brasa, como o emprego de telões, que não existiam na época, mas representativos com “slides” com os nomes das músicas.

Formou-se em Contabilidade e exerceu sua profissão sempre com todo o esmero, nos locais que trabalhou, desde Teresina, com passagem em São José dos Campos, em São Paulo, e depois em Fortaleza, cidade que prestou serviços para empresas de grande porte e depois para a Televisão Educativa do Ceará (TVE). Sempre com muita dedicação ao trabalho e à família, foco central de sua vida. Foi casado cinquenta e seis anos com minha mãe, a Dona Zisile. Tenho extrema gratidão aos dois, pelo incentivo que me deram na Música desde criança e as excelentes orientações de vida deles recebida. Não tinha apegos a bens materiais de qualquer natureza. Gostava muito da simplicidade e procurava se iluminar com os conhecimentos que acreditava serem necessários ao aprimoramento de nosso espírito.

Em Messejana, entre suas atribuições de trabalho na área contábil, foi o apoiador inconteste do Conjunto Musical Big Brasa, que fez sucesso em Fortaleza, Ceará e em outros Estados nos Anos 60, juntamente com sua esposa Zisile. Em sua parte social, foi sócio do Náutico Atlético Cearense, logo que chegamos a Fortaleza e depois sócio proprietário do Balneário Clube de Messejana, que também chegou a integrar a diretoria do Clube, época que lutou contra diversos preconceitos existentes, tais como entrada de jogador de futebol no clube, dentre outros. No Balneário ajudou a elaborar seus Estatutos e contribuiu muito com idéias inovadoras e promoções de festas inesquecíveis, ao som do Conjunto Big Brasa. Todos que tiveram o prazer de conhecê-lo ainda hoje guardam boas lembranças na memória.

Como ele próprio escreveu em um de seus livros, que foi por mim publicado em um blog na internet:

“Meu nome é Alberto Ribeiro da Silva, filho de João Ribeiro da Silva e de Maria Ribeiro da Silva. Nasci na cidade de Balsas, Estado do Maranhão, no dia 25 de julho de 1919. Posso afirmar com toda convicção que tive uma infância bastante feliz. Os meus pais me deram tudo que uma criança pudesse desejar naquele tempo, residindo numa cidade do alto sertão maranhense, cuja ligação, com os meios que se diziam civilizados, era feita através do maravilhoso e lendário Rio Balsas, do qual muito terei que falar nestas notas, visto que está sempre ligado ao coração de todo balsense”.

Uma carta simbólica

Tenho que escrever e registrar também que, após seu falecimento eu escrevi para ele uma carta, no dia 19 de abril de 2001, como se ele pudesse ter lido: 

“Carta ao meu pai Alberto Ribeiro
Ao meu querido pai Alberto

Papai: gostaria que o senhor pudesse ter concluído mais outro livro, conforme era sua pretensão. Do jeito que nós combinamos, todos os textos que o senhor me entregou foram digitados e estava à espera de mais material. Infelizmente não foi possível, mas tudo bem, o que temos é suficiente. Minha saudade agora é enorme e mais uma vez chorei. Não fique triste. Fiquei feliz quando sonhei com o senhor quando, pelo telefone, lhe perguntava notícias e o senhor respondia que “estava tudo bem”, que não tinha acontecido nada, que eu ficasse calmo, pois o senhor estava tranquilo. Saiba que o senhor está agora muito mais presente do que em qualquer dia esteve em nossas vidas. Os seus exemplos de vida sempre serão inesquecíveis para todos nós.

A propósito, estou ainda aprendendo, a cada dia, a pensar e agir que nem o senhor me ensinou durante toda a nossa convivência, onde sempre prevaleceu o diálogo franco e leal de ambas as partes.

(...) Pai: resolvi imprimir todos os artigos em ordem alfabética, pois não pude ter a sua ajuda para decidir como seria o próximo livro seu, os capítulos, a sequência, enfim tudo. Em alguns desses trechos, a exemplo do que aconteceu comigo quando eu os li tive certeza de que seu espírito iluminado brilhou intensamente, deixando aflorar verdades absolutas sobre a vida e outros tantos aspectos que envolveram o seu sentimento de homem correto como o senhor sempre foi. Logo que puder vou gravar no computador, para nossos familiares e amigos mais íntimos, um CD contendo o seu livro, fotografias suas e de toda a nossa família, do Sítio Cristália (em homenagem à Cristiane e Natália, suas netas) e do Sítio Nevada, em Ubajara, Ceará, e nele incluirei também as músicas que o senhor mais gostava. O Alberto Neto, a Cristiane e a Aliete me ajudarão nesta tarefa.

Gostaria muito de poder também, qualquer dia desses, estar ao seu lado, alcançar as graças de Deus que o senhor conseguiu por seus méritos e procedimentos aqui nesta passagem na terra. Eu sei que isso vai ser difícil... Não se preocupe que vamos tomar conta da mamãe direitinho, certo?

Um grande abraço do seu filho que muito o estima. Até qualquer hora e contaremos todos sempre com sua ajuda.
Não esqueça que “continuamos”... , lembra?” (*)

(*) Esta referência “continuamos” é porque ele, ainda quando eu era muito novo, antes de dormir, ainda em São José dos Campos, ouvíamos um programa de rádio e ao desligar ele virava para mim e dizia:
- “Continuamos” (amigos). E eu respondia: “Continuamos”. E até hoje isso está valendo.
Alberto Ribeiro da Silva escreveu dois livros (Meu Depoimento e Uma Lição de Vida) os quais estão transcritos em um blog que fiz em sua homenagem no seguinte link:  http://albertoribeirodasilva.blogspot.com/

É importante transcrever os textos abaixo, sobre o Mestre Alberto, como ele era conhecido, que foram escritos por Luiz Antônio Alencar, músico do Conjunto Big Brasa e hoje jornalista e a carta a mim enviada pelo amigo Lucius Maia Araújo, hoje auditor federal aposentado e
ex-integrante do Big Brasa, logo após sua partida. 

Depoimento de Luiz Antonio Alencar

Alberto Ribeiro da Silva era, e ainda é uma lição de vida em todos os aspectos. Em tudo que ele fazia e falava tinha um ensinamento embutido, e isso fez com que a gente que ainda hoje faz parte da família Big Brasa (estados de espíritos são entidades que se eternizam) tenha retido lições e posicionamentos diante da vida que ainda hoje em dia norteiam a nossa vida pessoal e profissional.

Particularmente, seu exemplo de vitalidade, entusiasmo, amor e fé, me marcaram até hoje, com a grande máxima de que a juventude se mantém através desses atributos que o Mestre Alberto tinha de sobra. Acreditar no ser humano e amar acima de tudo era o mote do Mestre Alberto. Mesmo com toda a sua sabedoria e prudência, ele sempre deixava o coração falar bem alto, e como falava!

O Conjunto Musical Big Brasa foi um momento marcante na vida de seus participantes e das pessoas que o conheceram, o Mestre Alberto foi o momento marcante e definitivo na vida do Conjunto Big Brasa.  Era uma banda, ou conjunto, como a gente chamava na época, que fazia sucesso no Ceará e em outros estados através de apresentações da televisão, mesmo incipiente e preto e branco na época, mas não menos mágica.

O Mestre Alberto regia mentalmente a banda, uma espécie de maestro atuando em outras esferas da mente e do espírito. Quando passeava pelos clubes em que a gente tocava, simples, tranquilo e despojado e com a humildade das grandes almas, de repente como se tocado por um raio invisível, se transfigurava quando executávamos uma música que o agradava. A banda toda junta não conseguia condensar tanta energia. Era a famosa ágape, que é como os gregos chamavam aquele amor por tudo e por todos que faz arder os seres iluminados.

O Conjunto Big Brasa por conta dele, e das experiências que ele a própria banda em si proporcionaram, se tornou uma grande escola, e o Mestre Alberto sempre será um supremo representante da raça humana, um homem que muito fez, muito construiu, totalmente desprovido do manto de chumbo da vaidade que esmaga a essência de tudo que há de mais belo na alma humana. O Mestre Alberto estava e ainda está acima dessas coisas todas, como filósofo nato e roqueiro honorário e de alma.

Encerrando, eu particularmente prefiro mascarar a triste realidade da partida do Mestre Alberto para outro oriente, achando que ele está mesmo é “no Balsas”, como ele chamava, muito bem obrigado e ouvindo as músicas que o Big Brasa tocava.

“É isso aí, mestre”, como ele falava.

Em outra oportunidade o Luiz Antonio, ao comentar sobre o livro “O Big Bra­sa e Minha Vida Musi­cal – Anos Dourados”, que escrevi, comentou  sua experiência pessoal como músico de música pop dos Anos 60, mas abrange tam­bém uma época consi­derada exuberante na história local e do mun­do, principalmente na área musical. Disse ele, em um extenso artigo que foi publicado na imprensa local, com o subtítulo carinhoso “Um coroa muito avançado”: (...) “O mais curioso é a participação de um senhor de cinquenta anos, o contador Al­berto Ribeiro da Silva, no projeto que envolvia adolescentes e suas tra­vessuras, o que dá um choque de gerações tão comum nos Anos 60”.

Carta de nosso amigo Lucius Maia

“MESTRE ALBERTO ESTÁ VIVO

Caro amigo “Beiró” (João Ribeiro)

Não sei o que te dizer. Mas sinto necessidade de falar o que, de coração, for surgindo dos meus sentimentos. Dá para imaginar, bem sei o que você está sentindo nesse momento e também toda a sua família.

Fiquei muito triste em receber a notícia. O Mestre Alberto, além de seu pai, além de ser o seu grande exemplo de caráter, de bondade e tudo o mais, era e é, realmente, uma pessoa muitíssimo especial. Dessas que, sabemos bem, estão cada vez mais raras de serem encontradas. Nunca me deparei com alguém que, a propósito do Sr. Alberto, não fizesse questão de, sempre, adicionar algum tipo de comentário especial.

Além disso, ele significava, para muitos dos seus amigos – e eu entre eles, um pouco de pai, durante aqueles anos maravilhosos que tivemos a sorte de conviver tão próximos. E isso fica pra sempre. Lembrar dele era como lembrar-se de uma pessoa realmente especial, creia. O tempo que leva para que isso aconteça não é assim muito imediato, pois a percepção gradual e real do significado da perda da presença física é muito, muito difícil.

É um vazio e mal-estar tão grande que a gente pensa que nunca vai se conformar. Mas pessoas como você, e eu, acho, temos uma base emocional e racional bastante elaborada (olha aí a presença deles de novo...) para entendermos o que existe de realmente natural nessas situações. Somos maiores dos que elas e, pela naturalidade do que representam, depois de certo tempo incorporam-se tranqüilamente em nossa aceitação verdadeira. Não há como ver tudo isso de maneira não natural - é tão simples quanto isso, mesmo que posso parecer presunçoso simplificar (no bom sentido) acontecimento tão complexo de nossas vidas.

Quando ainda estão entre nós a gente não costuma perceber o total da importância e felicidade que isso representa  porque simplesmente está tudo bem, tudo normal, ele está ali à disposição, do lado, por perto, presente... E nada mais natural do que seja  assim mesmo.

Quando partem, a sensação motivada pelo carinho e o amor que continuamos a sentir os traz de volta à mente muitas vezes mais do que era antes - eles ficam muito mais presentes, vivos, e os vemos em quase tudo com que nos deparamos no nosso dia-a-dia. A coisa mais comum que me acontece é sempre imaginar o meu papai, nas mais diferentes situações, quanto ao que diria ou faria se por aqui ainda estivesse.

(...) João Ribeiro e família: espero que vocês alcancem o sentimento de resignação que realmente está implícito em algo, infelizmente, tão natural nas nossas vidas. O mistério é muito grande...

Da lembrança que tenho do Mestre Alberto, imagino que ele não gostaria mesmo de ser motivo de sofrimento continuado por parte das pessoas que ele mais amou na vida. O Mestre Alberto considerava que a vida havia sido muito boa para ele. E a vida foi boa para ele principalmente porque ele teve vocês, filhos, netos, esposa, amigos, que ele amava e, sempre, se dava o que tinha de melhor e recebeu também muito em troca. Receba meus sinceros sentimentos, junto com Dona Zisile, Getúlio, Aliete, seus filhos, sobrinhos, primos e demais parentes.

Grande abraço fraterno,
Lucius Maia
     Em 06 de abril de 2001


Textos extraídos do Blog de Alberto Ribeiro da Silva
LIÇÃO DE VIDA

Quando eu era jovem, sempre gostei de proclamar que o maior pavor que tinha era a morte. A lembrança que um dia, mais cedo ou mais tarde eu teria que partir para a grande viagem, era para mim um grande tormento.

Por muitos e muitos anos alimentei esse pensamento, até que um dia, em conversa com uma tia que residia em Balsas, e aqui faço questão de registrar o seu nome: Tia Ritinha, ela tirou da minha mente essa tremenda tolice.

Dizia ela, com a sabedoria e bondade que Deus lhe deu:

- Pois Alberto, abandone de uma vez esse medo que lhe atormenta. Estou completando 75 anos e jamais ouvi falar de uma pessoa que estando determinada para morrer, não morreu porque estava com medo.

Neste mundo não se deve temer nada que faz parte da ordem natural das coisas. A partir daquele abençoado momento, passei a encarar tudo com mais realismo, passei a ver o mundo de outra forma, certo de que não se deve temer um acontecimento que é inevitável, que vem definitivamente para todas as classes, não é privilégio de ninguém.
São estes pequenos acontecimentos que muitas e muitas vezes se transformam em grandes lições de vida. São pessoas como a minha tia Ritinha, que não tinha grandes estudos, jamais cursou uma faculdade, a não ser a escola da vida, mas assim mesmo conseguia transmitir sábios conselhos, como este que acabo de relatar e que muito me tem servido.

Dou graças ao Grande Arquiteto do Universo, por me ter dado tempo suficiente para refletir sobre estas coisas e mente capaz de assimilar e transmitir para outras gerações essas grandes verdades. Obrigado Tia Ritinha, que Deus a tenha em um bom lugar.


O FIM DA VIDA

Extraído do livro de meu pai Alberto Neto


A vida das pessoas eu percebo,
É como se fora um grande “pau de sebo”
Sobe, desce, escorrega e cai,
Tenta de novo, mas vencer não vai.

Eu também sonhei, tive visões,
Desejei subir, chegar ao pico,
No fim da vida verifico
Que tudo não passou de sonhos, ilusões.

Resta-me agora lutar até o fim,
Pra conseguir do bom Deus
Um lugarzinho junto aos seus.

E se não for pedir demais,
Peço também uma vaguinha
Para a Zisile, que também quer paz.

Eu tenho quase toda certeza,
Que soneto isto não é,
Falta rima e beleza,
Não tem cabeça nem pé.

Fica aí pra quem vier
Mangar de mim se quiser.
Fiz o que veio na mente
Meu amigo não esquente. 



Alberto Ribeiro da Silva

sexta-feira, 12 de julho de 2019

A família mudou?


Vários questionamentos invadem minha percepção de vida hoje em dia. Dentre eles inicio com um passado em minha própria família, com todas as excelentes recordações de momentos distintos que nos trouxeram momentos de felicidade e de boa convivência.

Como as relações entre mim e meus pais influenciaram nossas vidas? E depois entre mim e meus filhos? Da melhor forma!

Os exemplos recebidos foram sempre fundamentais e daquilo que pude aprender tenho certeza de que muita coisa consegui passar adiante para meus filhos. E pelo resultado obtido até hoje me considero bem sucedido neste aspecto.

Com pequenas reuniões entre o núcleo familiar, quando nós reuníamos as crianças à mesa, eu procurava transmitir a necessidade do estudo e da dedicação para que eles pudessem ter mais facilidade ao lidar com a própria vida. E deu certo. Tenho uma satisfação e prazer de externar que nunca foi preciso “mandar” um filho ou filha estudar! Eles aprenderam o Caminho, mais ou menos equivalente ao “DO” quando se fala em Karatê.

Lembro que quando os meus filhos eram crianças e depois em sua adolescência e juventude, nós tivemos uma convivência espetacular, feliz e sadia. Estávamos juntos com algum esporte, com jogos educativos (como o Máster), com música e brincadeiras do tipo “stop”, dominó, bingo entre outras. Todos sentados à mesa, independente das idades. Parecíamos colegas e amigos. Em várias oportunidades estivemos presentes em três gerações, com meu pai também participando alegremente daquelas sessões de perguntas e respostas, que propiciavam a todos algum conhecimento geral e muita animação. As disputas eram muito boas!

Paralelamente houve a época que dediquei um tempo de aprendizado para algumas mágicas infantis e em nosso sítio na serra preparava sessões de mágica para a meninada. Assim tivemos várias tardes com muita atenção da garotada no “mágico”, que com truques simples conseguia inclusive arrancar alguns aplausos da plateia. 

Observo que em um tempo anterior nós conseguíamos diversão com pouca coisa! Sem internet as ideias iam longe, as brincadeiras de mímica para adivinhar nomes de filmes se tornavam muito engraçadas.

Retornando ao campo estritamente familiar, agregando-se os amigos e amigas mais próximos, tínhamos excelentes diálogos entre avós e netos ou netas, pais e filho ou filha, primos e colegas. As relações sem dúvida tinham mais calor humano.

A solidão do mundo digital

Não havia a simples frieza de hoje quando observamos grupos de jovens ou de adultos, cada um sintonizado com sua rede social predileta e ingerindo incessantemente uma carga de informações praticamente inútil. O que em muitos casos é considerado pela medicina como um vício moderno, na expressão da palavra, com todos os malefícios que apresenta, principalmente no distanciamento das relações pessoais. Quantas vezes casais trocam mensagens pelo Whatsapp, mesmo estando a poucos metros um do outro? Eu mesmo já fiz isso, sabe? Apesar de reconhecer o erro.

E assim a família mudou! Os hábitos mudaram. Passamos a nos importar, muitas vezes até mesmo que “contagiados” como se fosse por um vírus, via-de-regra, quando estamos, por exemplo, olhando uma rede social simplesmente porque o nosso parceiro também está fazendo aquilo. Os costumes mudaram muito, também. A leitura perdeu muito o seu valor para as pessoas. Tudo parece mais acelerado no Trem da Vida. Ninguém tem tempo para nada, não se consegue raciocinar sobre o que foi escrito em um texto, apenas as imagens coloridas brilham e espalham seu colorido por nosso cérebro, nos propiciando a falsa noção de felicidade, de encantamento.

Hoje em dia vivemos em um clima de sobressalto, por ocorrências de assaltos, tentativas de golpes e toda a sorte de maldade espalhada infelizmente em uma parte das pessoas. Dificuldades burocráticas nos perseguem no dia a dia e não há tendência aparente de melhorias.

A sociedade moderna convive com incontáveis problemas, mas depende de nós encontrarmos os benefícios trazidos pelas tecnologias diversas e deles aproveitar o máximo. Nas redes sociais aprendi a apreciar muitos amigos e amigas, através de seus comportamentos, comentários, educação, respeito e tolerância. Da mesma maneira passei a exercer o direito legítimo de evitar pessoas desagradáveis ou conteúdos inexpressivos. 

A família mudou, os hábitos e os costumes mudaram, e nós também mudamos! Estamos todos mais experientes e portanto, teoricamente capazes de melhorar nossos espíritos para o lado do bem e da espiritualidade. 

Sinto muita falta de uma comunidade, de amigos, de colegas, de pessoas com as mesmas afinidades, da tranquilidade dos passeios na praia com as crianças, das possibilidades de caminhadas ao ar livre sem a preocupação com a segurança.