Aproveitando alguns
traços de memória resolvi complementar muita coisa do que escrevi em meu livro
“O Big Brasa e Minha Vida Musical”, lançado em 1999. Pretendo detalhar mais a
estória que marcou um período inesquecível para muitos de nós.
O começo de tudo
Quando criança eu
tive um começo de formação musical com Acordeon, ainda em São José dos Campos. A
professora era Dona Ivone. Entre os passos iniciais aprendi a tocar
primeiramente no teclado a música Rosa Maria. Depois recebi de presente uma
sanfona de 8 baixos, de minha mãe, e posteriormente uma de 80 baixos. Com ela eu
continuei em Fortaleza, onde tive algumas aulas com o professor João Colares.
Nas fotos ao lado
estão, respectivamente, a de um de meus aniversários, em São José dos Campos, ao
lado da família e com o Acordeon e o papai segurando minha primeira sanfona de 8
baixos (ele não tocava, mas gostava demais de música).
Aprendendo
violão
Nunca
tinha pensado em um violão. Mas aos 14 anos tive vontade de aprender. Não sei
como consegui o meu primeiro violão. Lembro bem que eu saía ao final das tardes
para ir à casa do “Zé da Senhora”, um jogador de futebol de Messejana, para que
ele afinasse o meu violão. E ele, pacientemente, depois da afinação, tocava para
mim a Marcha dos Marinheiros, que eu viria a aprender depois.
Ao mesmo tempo tenho
boa lembrança de dois irmãos, que também moravam mais ou menos perto de minha
casa. Também os visitei e comecei a vê-los tocar tanto a Marcha dos Marinheiros,
quanto algumas valsas do Dilermando Reis. E voltava entusiasmado com o pouco que
aprendia. Passava horas e horas treinando o que tinha aprendido. Era muito
diferente do que existe hoje em dia, com as cifras, com as músicas na internet,
com todos os meios possíveis. Naquele tempo não existia moleza e se alguém
quisesse aprender tinha que malhar muito, se dedicar muito. Isso no meu caso,
que não tinha condições de frequentar aulas para que o avanço fosse mais rápido.
Como aprender
rapidamente?
Faço
questão de frisar, para aqueles que têm vocação para música e desejam aprender
algum instrumento musical, que para isso há a necessidade de foco, de muito
estudo, de prática constante, para que venha o aprendizado. Vejo muitas pessoas
dizerem “eu quero aprender a tocar guitarra, ou violão”... Mas simplesmente não
se dedicam. Ou seja: desse modo não vai aprender mesmo, pois tudo na vida exige
dedicação.
E saindo das marchas
e valsas logo surgiram algumas músicas modernas que podia tocar com o violão.
Estava feita a festa, como se diz. Na época reunia em casa amigos de infância
com os quais podia tocar, cantar um pouco, fazer dublagens, utilizando também as
famosas radiolas ou eletrolas (o dicionário do Word nem reconheceu essas
palavras e eu tive que adiciona-las!)...
Mas
bem, prosseguia a vida e eu estava acompanhando algumas músicas, solando algumas
valsas e marchinhas e prestes a começar o gosto pelo
instrumento.
Ao mesmo tempo,
quando estudava no Colégio Cearense Sagrado Coração (Marista), tocava com
colegas no auditório, onde existia um piano, um contrabaixo (sem trastes) e um
violão elétrico. E minha vida passou a ter uma complementação, além do Acordeon,
com os instrumentos de corda. Isso tudo e mais o futebol (de campo e de salão)
detonaram completamente o ano seguinte para mim (fui reprovado em cinco
matérias)...
Tivemos a época das
serenatas, com violões, escaletas (tipo de instrumento de teclado, mas com
sopro) e muita música para as meninas da área. Tudo em um ambiente seguro, visto
que na época onde morava não havia perigos como os de hoje em dia. Ensaiávamos
as serenatas na casa de algum colega e depois passávamos em algumas casas
escolhidas para as serenatas e a volta se dava em uma total tranquilidade.
O Conservatório de
Música Alberto Nepomuceno
Mais tarde, quando
fiz Licenciatura em Música, no Conservatório de Música Alberto Nepomuceno, na
primeira a turma depois que a entidade fora encampada pela Universidade Estadual
do Ceará (UECE), fazia as cadeiras de prática instrumental e estudei alguns
meses com o professor José Mário (que me ensinou a ler as partituras, a tocar na
posição correta, exercitar escalas diversas a fim de melhorar meu desempenho
técnico).
E então eis que
surgiram as guitarras no cenário musical. Comprei uma guitarra Giannini, de cor
vermelha, e passava um tempão tocando. O meu foco principal passou a ser o “novo
brinquedo”, que era a guitarra, e dela não soltava o tempo todo que pudesse
dispor. Daí para a ideia de formação de um conjunto musical (que seria o futuro
Conjunto Big Brasa) foi um pulo.
O embrião do Conjunto
Big Brasa
Com
apoio de meus pais compramos uma bateria usada e chamamos os amigos das
serenatas para fazer o que seria nosso primeiro ensaio. Com as primeiras
tentativas, certamente muito difíceis, começou uma jornada musical que marcou de
forma acentuada minha vida e que até hoje faço questão de relembrar e contar
para os mais novos.
Neste primeiro ensaio
o clima era de expectativa e tensão em todos. Acredito que estavam comigo
presentes os amigos Luciano Vasconcelos, Severino Tavares, além de meus primos
Carlomagno Pereira Lima (in memoriam). Começamos a tocar alguma coisa e chamamos
o Luciano para tocar bateria. Ele ficou indeciso, ao que me pareceu, e o
Severino Tavares decidiu experimentar, mesmo nunca tendo sido baterista. E
tocamos por horas. Daí para frente foi muito rápido. Estava no final de meus 14
anos e logo mais, aos 15 anos, o Conjunto Big Brasa viria a ser formado.
Muita coisa se passou
e ainda persiste hoje em dia. E assim vamos aperfeiçoando e nos atualizando na
medida do possível para não deixar de lado o encanto da música e fazer por
merecer um dom divino, que é o da Música, um verdadeiro presente de Deus em
nossa vida.
Agradecimentos
especiais
Ao final gostaria de
registrar os meus agradecimentos a todos aqueles que me ensinaram Música, desde
a professora Ivone, passando pelos professores João Colares e José Mário, além
de todos os outros que no Conservatório de Música fizeram que eu avançasse um
pouco mais nas práticas de instrumentos, nos estudos de Harmonia, Técnicas
Vocais, História da Música, Som e Ritmo, enfim, toda a bagagem de teoria musical
que eu aprendi com eles. Dentre os meus colegas de Curso destacaria a hoje
musicista famosa e educadora Elvira Drummond, a qual, pianista, fazia arranjos
magníficos, com temas mais bonitos ainda, dos quais não esquecerei jamais. E o
amigo Costa Holanda (excelente músico e maestro da Banda do colégio Pia Marta),
de nossa turma, que pacientemente ficava a meu lado quando eu estava ao piano,
copiando as melodias que eu fazia e me ensinando a escrita musical.
Não esquecendo,
jamais o Zé da Senhora que me ensinou a afinar o violão e os dois irmãos, dos
quais não recordo o nome, que também contribuíram e compartilharam o que sabiam
comigo, dando um exemplo de boa vontade.
Grupo no Facebook
Além de blogs e
vídeos nas redes sociais sobre a existência do Conjunto Big Brasa eu idealizei
um grupo no
Facebook, iniciado em 12 de agosto de 2012, que congrega quase 700 pessoas,
sobre os Anos 60 em Fortaleza. Nele estão contidas postagens diversas, com
fotografias, vídeos, estórias sobre este período inesquecível. Ver “Um grupo
sobre a Jovem Guarda em
Fortaleza”
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