Resolvi escrever sobre essas ocorrências somente agora, passados
vinte e um anos, em razão de um conselho e pedido feito por um parente e amigo
muito próximo que achava que os fatos a ele relatados deveriam ficar registrados
para toda a família. Para mim o meu pai, Alberto Ribeiro, continua vivo na
plenitude de sua existência eterna.
Um tema fascinante
O tema pode ser claramente entendido por algumas pessoas, de
difícil entendimento para alguns e mesmo de incredibilidade total para outras.
Mas isso não me interessa. Crer ou não crer fica a critério de cada um, assim
como o respeito pelas ideias é fundamental. Assim cada pessoa é totalmente
livre para acreditar ou não nesses tipos de comunicados. Não necessariamente temos
que possuir mediunidade para sentir a presença de um ente querido falecido,
sinais de comunicação que podem acontecer em qualquer lugar e a qualquer hora.
Em nossa existência os sonhos são um excelente canal para
recebermos mensagens. Como sou muito aberto à espiritualidade admito
perfeitamente as chances de receber mensagens através deles. Os contatos através
dos sonhos são uma forma muito usada por espíritos de nossos entes queridos
falecidos. Estes sonhos se diferenciam dos normais pela característica de nos
transmitir mensagens destinadas ao nosso próprio conforto - assim acredito -
como também pela necessidade dos espíritos se expressarem sobre suas passagens
para o outro plano ao fazer a Grande Viagem, como costumo dizer. Assim, quando
nós estamos dormindo ficamos em um estado mais propício para a canalização e
recepção de mensagens ou de sinais. Isso pode certamente facilitar nosso
contato com o plano espiritual e com nossos entes queridos.
Eu tenho absoluta convicção de que recebi sinais, através de
sonhos ou de demonstrações físicas, emanados por meus pais. Não tenho a menor
dúvida disso, conforme vou procurar descrever os casos a seguir.
Avisos em sonhos
Meu pai nos deixou fisicamente no dia 6 de abril de 2001. Éramos
muito ligados em todos os sentidos, particularmente nas crenças e em alguns
estudos sobre espiritualidade, dentre outros. Ele morava na ocasião em nosso
sítio em Ubajara e sofreu um acidente vascular cerebral (AVC). Foi operado em
Sobral duas vezes. Depois de catorze dias de tratamento intensivo ele não
resistiu e nos deixou. Eu o acompanhei quase o tempo inteiro nessas duas
semanas. Na noite anterior estava em um hotel próximo à Santa Casa, onde ficava
hospedado, juntamente com meu filho Alberto, para acompanhar minha mãe e meu
pai. Fomos dormir bem cedo porque pela manhã nós voltaríamos para a Santa Casa
para continuar nosso acompanhamento. Meu despertador estava marcado para seis
horas da manhã. Entretanto, acordei subitamente com um pesadelo, um sonho forte
no qual eu ouvia um som de telefone bem alto e quando atendia ninguém falava.
Sentei-me na cama, ainda chorando e assustado, enquanto o meu filho perguntava:
- “O que foi pai?” Ao que respondi: - “Sonhei que papai tinha
morrido e que alguém me avisava por telefone”... E olhando para o relógio
resolvi desativar o despertador, que ainda não tinha tocado, e disse para ele
que seria melhor tomarmos logo o café da manhã e ir para o hospital. E assim
fizemos.
Ao chegar à Santa Casa, no corredor de cima onde ficava a UTI vi
uma enfermeira que caminhava em nossa direção e perguntou, secamente: “- Alguém
da família de Alberto Ribeiro?” E eu respondi: - Sou filho dele. E ela
continuou: “- Pois ele já morreu e está na pedra, lá embaixo”... Uma frieza
impressionante. Eu passei alguns instantes para me controlar e ir contar para
minha mãe. Tinha que reagir dessa maneira porque além de estar em outra cidade,
o meu pai tinha falecido e muitas providências tinham que serem tomadas. Depois
de tudo passado verifiquei para espanto que o óbito de meu pai, conforme
registro oficial ocorreu às 05h40minh da manhã. Exatamente no momento em que eu
tive esse sonho sobre a morte dele. Com toda a certeza foi
Mensagem em
sonho
Poucos meses após a sua passagem, talvez no mês de julho de 2001,
não lembro com exatidão, tive outro sonho. Desta vez impressionante. Foi assim:
Vinha eu subindo a pé pela rua onde morávamos quando a uns três
quarteirões de casa decidi entrar em uma quadra, como se fosse um daqueles
clubes do interior onde a gente não observa o salão interno, somente após ter o
ingresso e passar pelas divisões em forma de “L”. Essa era a impressão que tive
no sonho. Pois bem, ao entrar e passar pela divisão eu me deparei com uma sala
retangular, bem iluminada, com as paredes bem claras, que deveria medir uns dez
x cinco metros. E o principal: meu pai, sentado em uma charrete (detalhe: o
papai sempre gostou muito de charretes e teve uma em São José dos Campos,
inclusive com um cavalo que a gente tinha comprado). E no instante em que vi o
papai, com seu tradicional pijama, tranquilamente sentado na charrete, ele me
disse alegremente, mais ou menos o seguinte:
- “João Ribeiro, olha aqui rapaz! E passava demoradamente as
mãos onde tinha sido operado, na cabeça, dizendo:
- “Está tudo bem olhe! Não estou sentindo nada”. E abria a
camisa do pijama batendo no peito e dizendo: - “não há nada, fique
tranquilo”... E lembro que eu perguntava para ele se poderia contar aquilo para
a mamãe e para todo mundo e ele me respondia: - “Pode sim, pode dizer para a
Zisile e para todos que estou bem”...
E eu assim o fiz. Ao acordar fui até a casa onde minha mãe tinha
passado a morar e relatei para ela todo o sonho. E ela dizia muito emocionada:
“Foi mesmo, João Ribeiro”. O Alberto gostava muito de charretes e foi uma
mensagem maravilhosa que ele mandou para nós.
Batidas na madeira
A mamãe me contava que inúmeras vezes ao passar em frente ao
guarda-roupa dela, onde tinha colocado uma foto emoldurada de meu pai, Alberto
Ribeiro, que ouviu umas batidas na madeira... E ela passava a mão na
fotografia, dizendo:
- “Alberto, deixa de brincar comigo”... E seguia a vida.
Associando com o que li há anos, sobre as origens do
espiritismo, disse para ela que seria uma maneira rudimentar de comunicação dos
espíritos, uma técnica, podemos dizer. Ou seja, como nem todos nós somos
capacitados ou temos o potencial para canalizar ou interpretar mensagens de
nossos entes queridos, eles se comunicavam dessa forma. Como sou radioamador
diria, mal comparando, um código Morse espiritual.
Um aviso de presença
Com mais de um ano da partida do papai estava eu trabalhando e
organizando em casa dezenas de CD e de DVD que guardava para armazenar as
cópias de segurança de nossos trabalhos de filmagem, fotografia e de músicas. Sentado
ao computador, mais ou menos às 22 horas, selecionava, conferia o tal material.
Uma mesa grande do outro lado do quarto (eu ficava de costas para essa mesa) onde
estavam as diversas pilhas de CD e de DVD em seus estojos. Eu levantava,
guardava aqueles catalogados e pegava outros. Nessa virada para trás por
coincidência minha vista passava por uma fotografia do papai, cuja moldura era
espelhada e dava reflexos com a luz do escritório, chamando minha atenção. Em
uma dessas vezes eu levantei, tirei o quadro e o guardei no quarto ao lado,
tendo voltado normalmente ao meu serviço...
Poucos minutos depois ouvi um leve batido em madeira. Olhei para
trás para ver se alguma coisa tinha caído, mas nada... E mais alguns minutos,
enquanto eu olhava para a tela do computador em meus trabalhos, ouvi um barulho
bem maior! E ao mesmo tempo senti como se um raio tivesse me atravessado da
cabeça aos pés. Fiquei paralisado por alguns instantes. Olhando para trás
observei que vários estojos com DVD e CD, não uma nem duas, estavam caídas no
chão, na frente do móvel, como se tivessem sido empurradas. Sensação incrível!
E eu, após ter rezado para meu pai, levantei calmamente e recolhi todo o
material colocando tudo de volta em cima do móvel. Fui imediatamente pegar o
quadro do meu pai, que eu tinha retirado e também o coloquei no mesmo lugar,
dizendo: “- Papai, o senhor vai ficar aí mesmo, tranquilo”.
Após tudo ocorrido relatei o fato para minha mulher em detalhes.
Foi uma comprovação indescritível da presença dele comigo.
Presença de minha mãe
Minha mãe passou a morar conosco após alguns anos do falecimento
do meu pai. Ela nos deixou em consequência do mal de Alzheimer. E partiu em
minhas mãos após eu ter estado com ela minutos fazendo massagens cardíacas que
não obtiveram sucesso. Mamãe não chegou a conhecer sua primeira neta. Nesse
sonho minha mãe conversa comigo carinhosamente e me diz que iria sempre
acompanhar a sua netinha por toda a sua vida. E a esse respeito, muitos anos
depois, a referida netinha quase ia sendo levada por um assaltante de carro.
Graças a Deus enquanto o assalto ocorria por um lado a babá conseguiu
desvencilhar a menina e sair correndo pelo outro! O carro foi levado de roubo,
com a cadeirinha de proteção, mochila e outros pertences de minha neta. Eu
acredito na presença de mamãe no dia daquele perigoso evento.
São estes os fatos que ficam registrados, na certeza de que
nossos entes queridos que já partiram fisicamente estão vivos, na plenitude da
vida eterna e na presença de Deus e nos acompanham!
João Ribeiro da Silva Neto
Em 20 de maio de 2022
Disse Jesus Cristo: “Na
casa de meu Pai há muitas moradas” - João 14:2.